sexta-feira, 24 de junho de 2011

Apocalipse Aula 16

Artur Nogueira – 22/06/2011 / (Adonias dos Reis)


V.    As sete mensagens – 2-3


B.   Carta a Igreja em Esmirna – 2:8-11


1.  Saudação 2:8a

a.  Introdução – Tabela corrigida. Estamos apenas na segunda carta, mas já temos uma exceção a essa regra: a carta à igreja em Esmirna assim como Filadélfia não tem nenhuma condenação e em advertência ou ameaça.

Isto não significa que essas igrejas eram per­feitas porque uma congregação é composta de seres huma­nos e nenhum ser humano é perfeito – Romanos 3:23.

O que a igreja em Esmirna tinha então que as outras não tinham? Resposta: O Sofrimento. A carta à igreja em Esmirna é o mais curta, mas mesmo assim trás mensagens bastante poderosas e mais que as outras.

b.  A cidade – Esmirna ficava a 60 Km de Éfeso, era comercial e portuária, com poucos Judeus e muitos anticristãos. Esmirna era famosa pela beleza. Havia muitos templos incluindo o dedicado a Dionísio, um deus pagão da fertilidade também conhecido como o deus do vinho para os gregos, para os romanos é o famoso BACO. Em 26 d.C., a cidade tinha sido escolhida pelo senado romano como local para um novo templo para a adoração ao imperador Tibério.

Hoje, Esmirna é conhecida como Izmir e con­tinua sendo uma cidade importante. Tem o maior porto marítimo da costa ocidental da Turquia, abriga uma população de quase dois milhões de pessoas e esta num país onde a religião predominante é muçulmana, a Turquia.

c.   A Congregação – Sabemos muito sobre a cidade de Esmirna, mas pouco sobre a Igreja. Provavelmente a congregação foi estabelecida quando Paulo esteve em Éfeso (Atos 19:10) e historiadores do primeiro século escreveram que Policarpo, discípulo de João, foi um grande líder entre os cristãos de Esmirna.


2.  O Cristo 2:8b, c

a.  Introdução - O primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver (v. 8b, c). A igreja precisava ouvir o que o Senhor Jesus era “o primeiro e o último”, aquele que está vivo, porque ela era uma igreja sofredora que precisava saber que Ele era eterno em favor deles.

b.  Aquele que Subsistirá – A expressão “o primeiro e o último” (v. 8b) expressou a divindade de Jesus e mostrou aos cristãos que Jesus continuaria presente na vida deles, mesmo depois que os romanos saíssem de cena. Jesus e não Roma é quem estava no controle.

c.   Aquele que Ressuscitou – As palavras “que esteve morto e tornou a viver” (v. 8c) foram bem importantes para eles. Segundo os estudiosos do grego, o texto possui uma ênfase: eu sou “aquele que realmente ficou morto, e eu sou aquele que realmente tornou a viver”. Os sacerdotes pagãos faziam cerimônia de morte, sepultamento e ressurreição para os deuses deles, mas o Único que realmente ressuscitou dos mortos foi Jesus.

d.  Jesus queria que os cristãos de Esmirna soubessem que mesmo se chegassem a morrer por causa da fé, Jesus tinha autoridade sobre a morte e não importava o que os homens pudessem fazer contra eles, tinha podia corrigir.

3.  O Elogio 2:9-10

a.  Introdução – Elogio é o ponto mais alto desta pequena carta. As palavras de aprovação da parte de Jesus foram: “Conheço a tua tribulação” (v. 9a). A palavra “tribulação” é traduzida do grego como comprimir, pressionar para baixo, ou seja, os cristãos de Esmirna estavam sofrendo bastante pressão.
Jesus estava dizendo “Eu entendo a pressão que vocês estão sofrendo, a perseguição, alguns de vocês foram isolados pelos familiares, outros perderam o emprego e seus filhos estão passando fome. Muitos de vocês serão lançados na prisão, e alguns serão mortos. Eu sei como isto é difícil. Jesus realmente sabia o que era essa vida.
Hebreus 4:15 – Jesus também sabe quando você e eu sofremos tribulação, quando sentimos que estamos prestes a ceder a pressão. Ele sabe, e Ele entende. Essa “compressão” pode assumir varias formas, em Esmirna, ela teve duas expressões:

b.  Pobre (mas Rica) Os cristãos de Esmirna eram pobres. Jesus disse: “Conheço… a tua pobreza” (v. 9a). Alguns eram mesmo pobres quando se converteram.
1 Coríntios 1:26–29. Outros prosperaram quando obedeceram ao evangelho, mas passando por pressões econômicas por  causa do evangelho e com isso perderam seus bens. Jesus sabia o que era pobreza: “sendo rico, se fez pobre” – 2 Coríntios 8:9.

Jesus disse... Mas tu és rico. Eles não deveriam se sentir mal por causa da situação que estavam vivendo, porque naquilo que realmente era importante, eles eram ricos. Podemos imaginar Jesus dizendo a eles:

Suas famílias podem ter se revoltado contra vocês, mas agora vocês estão na família de Deus!

Vocês podem ter perdido seus empregos, mas agora vocês têm um chamado maior!
Seus bolsos podem estar vazios, mas seus corações podem estar cheios de satisfação!

Vocês estão sendo perseguidos, mas podem se alegrar porque serão considerados dignos!

Seus corpos estão em perigo, mas suas almas estão a salvo!

Seus nomes podem ser blasfemados na terra, mas são pronunciados com reverência ao redor do grande trono de Deus! – Os homens podem estar contra vocês, mas Deus é por vocês! Se Deus é por nós, quem será contra nós?”(Romanos 8:31).

Jesus queria que eles lembrassem que possuíam riquezas espirituais, foram salvos do pecado e tinham o Espírito de Deus como um presente, Jesus era o Mediador deles e Deus era o Pai. Eles estavam dentro da família de Deus e podiam aproximar-se dEle a qualquer hora e ter paz, juntamente com a felicidade que dura para sempre. A esperança do céu estava com ele se os cristãos de Esmirna tinham uma prosperidade que nunca seria tirada da vida deles.

Precisamos aprender quais são as verdadeiras riquezas. Alguns se dedicam a acumular dinheiro e bens, mas o dinheiro não pode comprar o que é realmente importante. Tem uma frase famosa com muita verdade...

...O dinheiro pode comprar remédios, mas não a saúde;
...O dinheiro pode comprar serviço, mas não amigos;
...O dinheiro pode comprar diversão, mas não felicidade!

Hebreus 13:5a – Contentai-vos com as coisas que tendes. Mateus 6:20 – Jesus insistiu, mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam.

c.   Perseguidos (mas Ousados e decididos) – A segunda maneira pela qual a tribulação deles se expressou foi à perseguição. Há evidências que mostram que a vida dos irmãos de Esmirna era mais perigosa lá do que em qualquer outra parte do Império Romano. Jesus iniciou o assunto da perseguição com as seguintes palavras:

“Conheço… a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás” (v. 9). O ponto de encontro desses judeus foi chamado de sinagoga de Satanás por Jesus, porque eram usados por Satanás para perseguir os cristãos.
Vv. 10a, b. Tudo indica que os judeus é que incitariam os oficiais romanos a prenderem os cristãos, mas Jesus creditou esse ato ao diabo. Os judeus estariam fazendo a obra do diabo. Muito pensam que foram os Romanos.

Quando Jesus falou de prisão, Ele enfatizou o propósito do sofrimento: “para serdes postos à prova” (v. 10b). Ou seja, ficaria óbvio quem tinha fé forte e verdadeira.

Jesus também informou quanto tempo à tribulação duraria: “e tereis tribulação de dez dias” (v. 10c). Nós já vimos que “dez” em Apocalipse significa completo, pleno ou poder e também vimos que o dez multiplicado por dez resultando em 100 ou 1000, tem uma importância maior, mas aqui o número “dez” está sozinho. Ou seja, se refere a perseguição, mas com limitações de tempo.

Na última parte do versículo 10, Jesus concluiu “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (v. 10d). No con­texto, a expressão “até a morte” significa “mesmo que signifique a sua morte”. A NTLH diz: “Sejam fiéis, mesmo que tenham de morrer”.

Jesus não prometeu livrá-los dos problemas, mas sim ajudá-los a passarem pelos pro­blemas com segurança. Apocalipse ensina “vitória” aos filhos fiéis de Deus, mas não promete vitória sem sofrimento. Jesus queria mostrar aos cristãos que eles venceriam, embora pudessem morrer por isso e para isso.

Se formos levar a sério essa vida, com fé nas promessas de Deus e o compromisso que fizemos com Jesus, iremos acabar mortos. Porque sofremos poucos? Muitas vezes somos levados pelo sistema, mas no primeiro século muitos irmãos não se deixaram levar e os que foram fieis mesmo, sofreram e alguns até a morte.

Você é um discípulo querendo sossego? No primeiro século era chamado a “Pax Romana”, que era a expressão latina para a “paz romana” que era o longo período de paz gerada pelas armas e pelo autoritarismo do império romano iniciado por Augusto César, em 29 a.C, quando declarou o fim das guerras civis e durou até a morte de Marco Aurélio em 180 d.C.

4.  Consolo 2:11

a.  A carta encerra com uma mensagem de consolo (v. 11). Jesus não escreveu aos cristãos de Esmirna somente para informar que eles enfrenta­riam problemas. Ele quis con­solá-los e fortalecê-los para que fossem vitoriosos nas situações que se levantariam por serem discípulos.
b.  Jesus já havia proporcionado con­solo a eles. Ele enfatizou que Ele era Aquele que tinha poder sobre a morte (2:8). Em outras palavras, Ele disse: “Eu sei e entendo os problemas que vocês têm” (veja 2:9). Ele enfatizou que o sofri­mento deles teria limitações (2:10a).

5.  Promessa

a.  No versículo 11 vemos as palavras de consolo com a promessa: “O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte” - 11b; Os cristãos de Esmirna não deveriam ficar angustiados se tivessem de morrer por causa da fé cristã, porque Jesus poderia e de fato iria ressuscitá-los. A morte com a qual deveriam se preocupar era a segunda morte (veja Lucas 12:4, 5). Se permanecessem fiéis, “de nenhum modo sofreriam dano da segunda morte” (v. 11b).

b.  Eusébio, o primeiro historiador da igreja, escreveu como os cristãos de Esmirna foram tratados:

…os que estavam próximos em pé ficaram tomados de espanto, ao verem [os cristãos] dila­cerados pelos açoites, ensangüentados e com as artérias expostas, de modo que agora a carne das partes mais íntimas do corpo… [estava] à vista. Depois disso, eles eram deitados em cima de conchas do mar e, afiadas cabeças de pregos e pontas de lanças no chão, e depois de passa­rem por todo tipo de castigo e tortura, eram finalmente atirados como comida a animais sel­vagens...
Durante esse período, os cristãos tentaram esconder o Presbítero Policarpo, mas um menino foi surrado até confessar onde ele estava. Quando vieram atrás de Policarpo, ele pôs a mesa para os que vieram prendê-lo e, enquanto comiam, ele orava. Finalmente o escoltaram até um estádio onde uma multidão de sedentos por sangue — incluindo judeus — estava reunida.


O Pro cônsul insistiu para que ele renunciasse a Cristo, dizendo: “Jure pelo espírito de César… e eu o livrarei. Insulte a Cristo”. Policarpo respon­deu: “Faz oitenta e seis anos que eu sirvo a ele e ele nunca me abandonou; como posso blasfemar o meu Rei que me salvou?”

Quando o Pro cônsul tentou assustá-lo com ameaças de feras selvagens e fogo, Policarpo respondeu: “Tu me ameaças com um fogo que queima por um instante e logo se extingue, pois nada sabes do julgamento que virá e do fogo do castigo eterno reservado para os ímpios. Mas por que te demoras? Faz que bem quiser”.


c.   A multidão liderada pelos judeus pegou madeiras para queimar Policarpo. Quando a fogueira estava pronta, pregaram Policarpo e colocaram na fogueira, mas milagrosamente não morreu, depois apunhalaram até a morte e colocaram num poste e atearam fogo. Policarpo morreu com a certeza de que ele não “sofreria dano da segunda morte”.

CONCLUSÃO:

1.     Mais uma vez, Jesus queria que fizéssemos uma aplicação pessoal. Toda congregação precisa fazer uma aplicação pessoal desta lição. Todos nós temos a responsabilidade de encorajar cada irmão para estar comprometido com a causa de Cristo. E também cada um de nós precisa fazer uma aplicação pessoal, fazendo perguntas a si mesmo, como: “Eu realmente sou fiel ao Senhor?” “Eu estaria disposto a morrer por causa da fé cristã?” “Se eu morresse hoje, receberia a coroa da vida?”

2.     A carta à igreja em Esmirna mostra que cada um de nós pode ser rico naquilo que realmente importa. Se você quer ter riquezas que o mundo não pode tirar, sirva Jesus.


3.     Disciplina na Igreja – Muitos ainda relutam com os conceitos de tolerância e intolerância religiosa. Por um lado, a maioria de nós quer liberdade religiosa — o direito de cada pessoa crer no que quiser e proclamar o que crê, desde que não infrinja os direitos de outro. Por outro lado, os cristãos precisam entender que Deus não permite total tolerância na igreja. Devemos ser tolerantes em questões que envolvem opinião; mas em questões em que a vontade de Deus é claramente revelada no Novo Testamento, temos de repreender, expor e repudiar todos que ensinam outras coisas — mas sempre com espírito de amor (Efésios 4:15).

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