Artur Nogueira – 20/02/2011 / (Adonias dos Reis)
Introdução ao Livro de Apocalipse
A NATUREZA
Segundo o capítulo 1, Apocalipse é em parte literatura apocalíptica, em parte profecia e em parte epistola / carta:
1) Em primeiro lugar e acima de qualquer coisa, o livro é literatura apocalíptica. Ele começa com a expressão: “Revelação de Jesus Cristo…” (1:1). A palavra “revelação” traduz o grego apokalupsis. Na versão para o português o termo foi transliterado pelo menos no título. A literatura apocalíptica é um tipo especial de composição em que os símbolos estranhos aparecem muito.
2) O livro também é chamado de profecia: “Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia” (1:3; veja também 22:7, 10, 18, 19). Profetas eram porta-vozes inspirados por Deus, empenhados na “proclamação de qualquer palavra da parte de Deus — mandamento, instrução, história ou predição”.
3) O estilo do livro é de uma epístola, ou carta. Após a frase de abertura, o livro se reverte para a típica saudação de uma epístola: “João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir” (1:4).
Todos nós temos ouvido falar de profecia e cartas, mas não estamos tão familiarizados com o termo “literatura apocalíptica”, por isso vamos falar um pouco sobre isso. Precisamos nos familiarizar com a palavra “apocalíptica”. Porque hoje, “apocalipse” é sinônimo de julgamento e destruição, mas a palavra grega apokalupsis não possui essa conotação. Apokalupsis significa simplesmente “um desvendamento” ou “uma revelação” Apokalupsis refere-se basicamente a qualquer coisa que seja desconhecida no passado, mas tenha sido revelada no presente (veja Gálatas 1:12; 2:2). Usado num sentido técnico, o termo “apocalíptico” aplica-se a um tipo especial de literatura que surgiu durante os dois últimos séculos a.C. e o primeiro século d.C. Muitos escritos com esse estilo foram publicados; Enoque – Oráculos Silibinos – Testamento dos doze Patriarca – Ascensão de Isaías – Assumpção de Moisés – O Pastor de Hermes – Dentre outros. Mas o Espírito Santo guardou para nós o escrito por João. Uma característica desse gênero é que a mensagem é transmitida por meio de símbolos estranhos e maravilhosos. Na literatura apocalíptica, os símbolos não realçam meramente a mensagem; eles são a mensagem.
Na bíblia encontramos muitos trechos escritos nesse estilo literário; Mateus 24, Lucas 21, Marcos 13, Partes de Daniel, Ezequiel, Isaías etc. Muito conhecido entre os Judeus. Em sua maioria, não são símbolos comuns relativos ao mundo tal como o conhecemos. Em vez disso, muitos símbolos são visões grotescas que só veríamos em pesadelos. Isto torna a perspectiva apocalíptica esquisita para as pessoas de hoje. As revistas, os livros e os jornais que lemos hoje não estão escritos em linguagem apocalíptica. Por isso, podemos nos sentir desnorteados quando lemos que uma espada sai da boca de um homem, reluzentes cavaleiros galopam pela paisagem e um dragão é tão grande que a sua cauda arrasta as estrelas do céu!
Para os leitores originais, era fácil a compreensão. Quando o Reino a partir de Salomão foi dividido entre 2 tribos do sul e 10 do norte e conseqüentemente foram exilados na Babilônia ficando em cativeiro, até a época de João batista (400 anos) sem profetas o povo se voltou para a possibilidade de Deus “entrar em cena” então muitos escritores apocalípticos surgiram aguardando um novo céu e uma nova terra. Apocalipse, mesmo os apócrifos eram escritos em um contexto de fé e precisa ser lido assim.
Consideremos a mensagem do Livro de Apocalipse: o livro assegurou ao povo de Deus no período intertestamentário principalmente durante o cativeiro na babilônia e aos Cristãos do primeiro século que o opressor deles, o Império Romano, cairia no final. E se os oficiais romanos entendessem essa mensagem? Em primeiro lugar, João teria dificuldade para fazer as cópias do livro saírem de Patmos (1:11), pois era (e é) uma prática comum monitorar a correspondência dos presos. Em segundo lugar, as autoridades romanas não permitiriam que a mensagem circulasse livremente; confiscariam cada cópia que pudessem. Em terceiro lugar, um documento desse tipo seria usado como prova de que os cristãos acusados eram culpados de sedição. Na hipótese de uma cópia de Apocalipse, tal como ela chegou até nós, ter caído nas mãos dos oficiais romanos, podemos imaginá-los dando uma olhada rápida no manuscrito e liberando-o como “mais um absurdo dos cristãos”.
A INTELIGIBILIDADE
Deus espera que entendamos Apocalipse — pelo menos suas mensagens básicas. Quando as revelações dadas a Daniel estavam chegando ao fim, ele recebeu a seguinte instrução: “Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim…” (Daniel 12:4; grifo meu). Visto que o cumprimento de muitas das profecias de Daniel estava num futuro distante, não se esperava que os que viviam nos dias do profeta entendessem o livro (veja Daniel 8:27). Ao contrário disso, João recebeu a seguinte ordem: “Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo” (Apocalipse 22:10; grifo meu). O cumprimento do Livro de Apocalipse deveria ter início imediatamente (1:1, 3) e esperava-se que os leitores do livro o entendessem (veja 13:18). 68p/ 70 é próximo, mas 96...? Nero.
Isto não significa que podemos entender tudo no livro. No capítulo 10 trovões falam. João disse que ele ia escrever o que eles diziam, quando “ouviu uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falam e não as escrevas” (10:4; grifo meu). Talvez esta passagem tenha sido colocada no livro para imprimir em nossas mentes a idéia de que ainda há coisas que não sabemos e jamais saberemos (veja Deuteronômio 29:29). Apesar disso, podemos entender algumas coisas no Livro de Apocalipse, e Deus espera isto. O livro tem a intenção de ser uma “revelação”, e não uma “ocultação”. Se fôssemos inaptos para entender os ensinamentos centrais do livro, não poderíamos receber a bênção prometida aos que “ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas” (1:3). O desafio para nós neste estudo será desvendar as lições que Deus quer que aprendamos.
Apocalipse não entrega os seus tesouros aos que se aproximam dele com indiferença. Você pode ouvir desatentamente ou até dormir durante as aulas bíblicas e ainda sair tendo aprendido alguma coisa de valor, mas isto não acontece numa aula sobre o Livro de Apocalipse. Se quiser aproveitar este estudo, terá de estar preparado para empregar algum esforço. Digo isto não para desanimá-lo de estudar Apocalipse, mas para incentivá-lo a decidir empenhar o esforço necessário para ser abençoado por este maravilhoso livro. Fazendo isto, você se sentirá sempre contente por ter tomado essa decisão!
PARTE 2
1. Hebreus 1:1-2. Toda a bíblia é uma revelação de Deus ao homem, Ele buscou de varias maneiras por milênios, mas não deu para conhecê-lo bem, não deu para explicar o infinito para o finito, então se revelou através de Cristo. A bíblia toda é uma revelação.
Apocalipse é uma revelação e a palavra significa como já foi dito, “desvendar”, descobrir, não de investigar, mas sim de tirar o cobertor daquilo que estava coberto.
Antigamente revelação era primitiva, era Oral – Teofania – Étnica e Documentário.
a. Oral: Foi por conversa, falando, essa foi no período patriarcal e depois mosaico. Por exemplo, ninguém entendia de navegação, mas Deus falou para Noé fazer um barco...
b. Teofania: do grego "theophanía". é um conceito que significa a manifestação de Deus em algum lugar, coisa ou pessoa. É uma revelação ou manifestação sensível da glória de Deus, ou através de um anjo, ou através de fenômenos impressionantes da natureza. Isso pode ser por simbolos, visões etc. Em isaias 59:1-2, nao sabemos se Deus tem maos, ouvidos, mas foi a comunicação da presença Dele.
c. Étnica: Vem de etinia, grupo de pessoas com cultura, lingua etc. em comum. Deus formou uma raça para se apresentar a eles, não escolheu entre as que tinham e que também foi criada por Ele os Moabitas, Jebuseus etc. Foi uma revelação da sua presença para a raça Judaica.
d. Documentario: É o caso de Moisés, Deus mesmo escreveu as leis naquelas pedras no monte sinai.
Nenhum comentário:
Postar um comentário